Citações Diretamente Ligadas ao “Novo” Evangelho da Interpretação
A seguir temos os títulos das citações com os links diretamente para as citações. Depois dos links diretos, temos o conjunto de citações:
–> A Falecida Dra. Anna Kingsford – Obituário
–> Algum Dia Distante Se Tornará a Religião de Grandes Nações
–> Atrativo Tanto ao Lado Intelectual, Quanto ao Lado Devocional
–> Bíblia Apresenta Queda e Redenção das Almas Sob a Forma de Símbolos e Parábolas
–> Bíblia, Coleção de Parábolas Sobre a História da Alma: Pessoas, Povos, Animais etc., São Símbolos. Materializar os Símbolos é Cometer Idolatria
–> A Bíblia Insiste no Sentido Esotérico
–> Moisés e Elias Correspondem a Buda e Pitágoras: a Mente e o Corpo. Jesus: o Coração-Espírito. Funções Exercidas por Pitágoras, Buda e Jesus: Obras, Compreensão e Amor, ou Corpo, Mente e Coração
–> Cristo, a Realização no Homem de Suas Próprias Potencialidades Divinas
–> Cristo Jesus Dentro do Homem
–> Crucificação, Ressurreição e Doutrina Perniciosa da Redenção Vicária
–> Erguido Véu do Simbolismo Igrejas São Similares, Doutrinas Básicas São Idênticas
–> Ex Oriente Lux. Por Que Igreja Cristã Foi Chamada de Católica? Figura do Cristo Sintetiza Figuras Centrais das Dispensações Anteriores
–> Figueira e Hermes
–> Filho de Deus
–> Idólatras e Idolatria
–> A Interpretação de Suas Bíblias
–> A “Mulher” Não é uma Mulher, Mas Sim a Alma e a Intuição
–> Ordem Divina da Cavalaria É a Ordem do Cristo, Cavalo é o Símbolo da Inteligência
–> Redenção do Espírito da Matéria, Tema das Sagradas Escrituras, Queda de Adão, Israel, Cativeiro no Egito, Êxodo pelo Deserto, Travessia do Jordão e Terra Prometida
–> Regeneração, Fuga do Egito, Deserto, Provação, Quarenta Dias-Anos, Redenção, Rio Jordão e Terra Prometida
–> Sentido Místico e Não o Sentido Literal
–> Tema do Credo Cristão: o Cristo Jesus Dentro do Homem
–> Adão e Eva
–> “Adão”, “Eva”, “Cristo”, “Maria” e o Restante: Simbolizam os Vários Elementos Espirituais que Constituem o Indivíduo e Seus Estados
–> Alma Pura e Espírito Divino, Água (Virgem Maria) e Espírito Santo
–> Princípio da Fraternidade Universal É Muito Pouco Compreendido: É a Base Comum da Doutrina e da Prática do Budismo e do Cristianismo
–> Afirmou Toynbee: Daqui a Mil Anos Chamará Atenção Aproximação do Cristianismo com o Budismo
–> Aprender com o Budismo: Minha Preocupação no Momento
–> Buda e Pitágoras, Moisés e Elias, Mente e Corpo, Jesus–Coração: Obras, Compreensão e Amor, Corpo, Mente e Coração
–> Buda (Incluindo Pitágoras) e Cristo São Necessários Um ao Outro: Formam Sistema Integral
–> Budismo e Cristianismo Partes de um Mesmo Evangelho
–> Budismo e Cristianismo Partes de um Todo Contínuo e Harmonioso
–> Doutrina de Buda: Regeneração Completa da Mente e Indispensável Precursora da Doutrina de Cristo
–> Da Fé Una do Buda e do Cristo Nascerá a Redenção do Mundo
–> Karma e Continuidade de Existências São Partes Integrantes do Budismo e do Cristianismo: Explicam Desigualdades e Desarmonias da Vida e a Justiça Divina
–> Louvor aos Budas-Cristos
–> Sacerdotalismo Intolerante com Demais Sistemas, Atitude Suicida entre Cristianismo e Budismo
A FALECIDA DRA. ANNA KINGSFORD — OBITUÁRIO (1)
“É com o mais profundo pesar que anunciamos neste mês a passagem deste mundo físico de alguém que, mais do que qualquer outra pessoa, auxiliou seus semelhantes em demonstrar o grande fato da existência consciente do Ego interior – e, por conseguinte, da sua imortalidade.
O campo de atividade da Sra. Kingsford, contudo, não se limitou ao plano da vida puramente física e mundana. Ela foi uma Teosofista e uma verdadeira Teosofista em seu coração; uma líder do pensamento espiritual e filosófico, dotada dos mais excepcionais atributos psíquicos. Em conjunto com o Sr. Edward Maitland, seu mais verdadeiro amigo – cujos cuidados incessantes indubitavelmente prolongaram por vários anos sua vida delicada e sempre ameaçada, e que recebeu seu último suspiro – ela escreveu várias obras tratando de temas metafísicos e místicos. A primeira e mais importante delas foi The Perfect Way; or, the Finding of Christ (O Caminho Perfeito; ou, a Descoberta de Cristo), que dá o significado esotérico do Cristianismo. Essa obra esclarece muitas das dificuldades que os leitores sérios da Bíblia enfrentam em seu esforço de compreender ou aceitar literalmente a história de Jesus Cristo conforme é apresentada nos Evangelhos.
Ela foi durante algum tempo Presidente da “Loja de Londres” da Sociedade Teosófica, e, após renunciar ao cargo, fundou a “Sociedade Hermética” para o estudo especial do misticismo cristão. Embora suas ideias religiosas tenham diferido amplamente em alguns pontos da filosofia do Oriente, ela permaneceu uma fiel associada da Sociedade Teosófica e uma leal amiga de seus líderes. (2) Era alguém cujas aspirações de toda a vida estiveram sempre voltadas para o eterno e o verdadeiro. Uma mística por natureza – e das místicas mais vigorosas para aqueles que a conheceram bem – ela era, ainda assim, uma mulher marcante mesmo na opinião dos materialistas e dos incrédulos. Além de sua face extraordinariamente fina e intelectualizada, havia nela aquilo que chama a atenção dos mais desatentos e alheios a qualquer especulação metafísica. A Sra. F. Fenwick Miller escreveu que o misticismo da Sra. Kingsford era “simplesmente ininteligível” para ela, porém isso não a impediu de perceber a verdade, uma vez que ela assim descreve sua falecida amiga: “Jamais conheci uma mulher tão extraordinariamente bela como ela, que cultivasse seu cérebro de forma tão intensa. (…) Nunca conheci uma mulher em quem a natureza dual, que é mais ou menos perceptível em todo criatura humana, fosse tão fortemente marcante – tão sensual, tão feminina de um lado, tão espiritualizada, tão imaginativa de outro”. (3)
A natureza espiritual e psíquica sempre predominou sobre a sensual e feminina; e o círculo de seus amigos com inclinações místicas sentirá muito sua falta, pois mulheres como ela não são numerosas num mesmo século. O mundo em geral perdeu na Sra. Kingsford alguém que não pode ser facilmente substituído nessa era de materialismo. Toda a sua vida adulta foi empregada para trabalhar inegoisticamente pelos demais, para a elevação do lado espiritual da humanidade. Podemos, contudo, ao lamentar sua morte, nos confortar com o pensamento de que o bom trabalho não pode ser perdido e nem morrer, ainda que o trabalhador não esteja mais entre nós para ver seus frutos. E o trabalho de Anna Kingsford ainda estará dando frutos mesmo quando sua memória tiver sido obliterada com a passagem da geração dos que a conheceram bem, e quando novas gerações tenham se aproximado mais dos mistérios psíquicos.” (4)
Algum Dia Distante Se Tornará a Religião de Grandes Nações
“Sei que em algum dia ainda distante, agora, de fato, talvez muito remoto, a mensagem que nós pregamos em um canto se tornará a religião de grandes nações.” [Anna Kingsford e Edward Mailtland. Addresses and Essays on Vegetarianism (Palestras e Ensaios sobre o Vegetarianismo), p. 1]
Atrativo Tanto ao Lado Intelectual, Quanto ao Lado Devocional
“Em uma época como a de nossos dias, que se caracteriza por pesquisas que tudo abrangem, análises exaustivas e críticas abundantes, nenhum sistema religioso pode perdurar, a menos que seja atrativo tanto ao lado intelectual, quanto ao lado devocional da natureza humana. Atualmente a fé da cristandade está perecendo por conta de um defeito radical no seu método de apresentação, através do qual ela é levada a um perpétuo conflito com a ciência; e uma tarefa esgotante e indigna é imposta aos seus seguidores, de um incessante esforço a fim de acompanhar os avanços das descobertas científicas, ou as oscilações da especulação científica. O método por meio do qual aqui se tenta eliminar a incerteza e insegurança, assim engendradas, consiste no estabelecimento destas duas posições:
(2) Que o verdadeiro plano das crenças religiosas reside, não onde a Igreja o colocou até agora – no sepulcro da tradição histórica, entre os ossos ressecados do passado – mas sim no vivo e imutável Céu, em direção ao qual aqueles que desejam verdadeiramente encontrar o Senhor devem, em coração e mente, ascender. “Por que procurais o vivo entre os mortos? Ele não está aqui, ele ascendeu”. Isto é, o verdadeiro plano da crença religiosa não é, por assim dizer, o objetivo e físico, mas o subjetivo e espiritual.” [Anna Kingsford e Edward Maitland. The Perfect Way; or, the Finding of Christ (O Caminho Perfeito; ou, a Descoberta de Cristo), pp. 6-7]
Bíblia Apresenta Queda e Redenção das Almas Sob a Forma de Símbolos e Parábolas
“Se apenas uma vez pudermos ler a Bíblia com a visão não obscurecida pelo véu de sangue, e não distorcida pelo preconceito, então todo o seu mistério – o mistério de nossa queda e de nossa redenção – torna-se claro como o céu sem nuvens. Pois, então, podemos identificar como algo que ocorre em nossas próprias almas todo o processo, desde o começo até o fim, que a Bíblia, do Gênesis até o Apocalipse, apresenta sob a forma de símbolos e parábolas, precisamente como fez Nosso Senhor ele mesmo.” [Anna Kingsford e Edward Maitland. Addresses and Essays on Vegetarianism (Palestras e Ensaios sobre o Vegetarianismo), capítulo O Vegetarianismo e a Bíblia, p. 221]
Bíblia, Coleção de Parábolas Sobre a História da Alma: Pessoas, Povos, Animais etc., São Símbolos – Materializar os Símbolos É Cometer Idolatria
“A Bíblia, em síntese, pode ser definida como uma coleção de parábolas narrando a história da Alma, desde sua primeira descida na matéria, até o seu retorno final para sua condição original de puro espírito. E como a Alma passa pelo mesmo processo quer se trate de uma só ou de muitas – seja uma pessoa, uma igreja, uma raça, ou mesmo o universo como um todo – a narrativa que descreve, ou a parábola que representa a história de um, igualmente o faz para todos. E os mesmos termos, que são três em número, abrangem todo o processo.
Esses termos são Geração, Degeneração e Regeneração, e esses, portanto, sendo aplicados à Alma, são o tema da Bíblia, conforme agora mostraremos, e não a história física, ou qualquer pessoa ou povo seja lá qual for, muito embora sejam descritos em termos derivados de pessoas ou de um povo. E tomar tais pessoas, povos ou um outro símbolo por qualquer outra coisa que não sejam os seus apropriados papéis de símbolos, e ignorando o seu verdadeiro significado, e dar-lhes a honra devida apenas àquilo que de fato eles significam trata-se, em linguagem bíblica, de cometer idolatria.
Pois, ao assim proceder, nós materializamos mistérios espirituais, e conferimos à Forma a consideração devida apenas à Substância. Onde quer que compreendamos como coisas Sensoriais coisas que tão somente pertencem ao Espírito, encobrindo assim as verdadeiras feições da Divindade com representações falsas e espúrias, nós cometemos o que a Bíblia considera como o mais repugnante dos pecados, e nos tornamos idólatras e, ao mesmo tempo, nos identificamos com aquela escola materialista que está rapidamente se espalhando pelo mundo com o objetivo declarado de erradicar a própria ideia de Deus e de Alma.
Isso porque “Idolatria é Materialismo, o pecado comum e original dos homens, o qual substitui o Espírito pela Aparência, a Substância pela Ilusão, e conduz tanto o Ser moral quanto o Ser intelectual ao erro, de modo que eles substituem o superior pelo inferior, e o elevado pelo superficial. É esse falso fruto que atrai os sentidos externos, a tentação da serpente no começo do mundo”; e isso tanto para a raça quanto para cada indivíduo onde e quando quer que tenha vivido, pois todos estão sujeitos à sua atração.
Devemos então saber, para a reta compreensão das escrituras místicas, que em seu sentido esotérico, ou interior e real, elas não tratam de coisas materiais, mas de realidades espirituais; e que nem Adão é um homem real, porém antes denota a personalidade inferior ou força intelectual em todo ser humano; nem Eva uma mulher real, mas denota o elemento feminino em todo o ser humano, a saber, a Alma ou consciência moral; e ela é, portanto, chamada de a “Mãe dos que Vivem”, ou seja, dos que estão espiritualmente vivos – aqueles nos quais a Alma alcançou autoconsciência.
Tampouco o Éden é um lugar real, mas uma condição de inocência anterior a uma queda de uma altura alcançada. Nem é a Árvore da Vida no meio do Éden uma árvore real, porém Deus estabelecido no meio do Universo como sua vida. Do mesmo modo que não é o homem feito de imediato à imagem e semelhança de Deus, mas somente após longas eras de desenvolvimento, começando nas formas inferiores da vida vegetal, e seguindo sua elevação através de muitas formas, até que ele alcança a forma humana; e mesmo então ele não é feito à imagem de Deus, não é verdadeiramente homem no sentido bíblico e místico. Pois nesse sentido faz-se necessário algo mais do que o homem físico, mais do que o homem intelectual, mais até mesmo do que o homem moral, para tornar-se um homem.
Para ser feito à imagem e semelhança de Deus ele deve atingir sua maioridade espiritual, através do desenvolvimento da consciência de sua natureza espiritual. Ele deve ser alma tanto quanto corpo; Eva tanto quanto Adão; assim como no mundo físico, também no plano espiritual ele requer a mulher para lhe fazer um homem, e a mulher mística é a Alma. Antes do seu advento (da Alma), ele é o homem apenas materialístico e rudimentar, é homem apenas na forma, e é um animal em todos os outros aspectos.
Mas ela vem finalmente, manifestada como tão somente a Alma pode fazer, quando seu ser inferior está envolto em profundo sono, e ele acorda para descobrir-se plenamente homem, à imagem de Deus, macho e fêmea, no sentido que ele representa os dois aspectos, masculino e feminino da Deidade, o poder divino e o amor divino, e também os Sete Espíritos através dos quais Deus cria todas as coisas. Assim constituído ele é de fato Homem, pois ele é uma manifestação de Deus, por cujo espírito, operando dentro dele, ele tem sido criado. E criado desse modo tem sido e será todo o homem que jamais viveu ou viverá.” [Anna Kingsford e Edward Maitland. Addresses and Essays on Vegetarianism (Palestras e Ensaios sobre o Vegetarianismo), capítulo O Vegetarianismo e a Bíblia, pp. 216-218]
A Bíblia Insiste no Sentido Esotérico
“Vamos, inicialmente, defender – a partir da própria Escritura – a afirmação da existência de um sentido esotérico, o qual a Escritura insiste como sendo seu sentido verdadeiro e divinamente designado.
A própria necessidade de tal defesa é por si só uma prova concreta, não apenas da maneira inadequada, mas também injusta com que a Escritura tem sido tratada por seus expositores oficiais.
Que essa defesa seja algo necessário fica demonstrado, indiscutivelmente, pela acusação de blasfêmia que os expositores oficiais costumam levantar contra os que advogam um sentido esotérico. Essa acusação é feita com o argumento de que tal sentido visa “desviar a Escritura de seu sentido óbvio”. Ou seja, defendem o sentido “óbvio”, a visão superficial, e não o sentido espiritual, até rotulando seus escritores de insanos por atribuírem um sentido diferente do óbvio! Como se as coisas espirituais pudessem ser “óbvias” para a visão superficial!
Nesse ponto os literalistas demonstram que são incapazes de compreender que tentar transformar o sentido “óbvio” da Bíblia em seu sentido real significa destruí-la enquanto uma Bíblia, ou um livro da alma; uma vez que como livro da alma ela deve apelar à alma e não aos sentidos; e deve se referir não a pessoas, coisas e eventos pertencentes ao plano físico, mas a princípios, processos e estados puramente espirituais – ainda que expressos em termos derivados do plano físico – usando pessoas, coisas e eventos tão somente como forma de ilustração.
Os literalistas falham, além disso, em ver que – diante do fato de que todas as Escrituras antigas foram escritas de forma similar, ou seja, por meio de símbolos, parábolas e alegorias – insistir que a Bíblia tenha sido concebida literalmente é torná-la absolutamente diferente de todos os outros livros de sua ordem. As seguintes são algumas das passagens em que nos baseamos:
27. “Mistério; Babilônia a grande; a mãe das prostitutas e das abominações da terra.” [Apocalipse 17:5]. (Essa é uma denúncia feita por Jesus, falando por seu “Anjo” através de “João o Divino”, contra o Sacerdotalismo como sendo a “Mulher Escarlate”, por negar ao homem a faculdade do entendimento, ao insistir na autoridade como o critério de verdade, e fazendo com que o Mistério consista em algo que transcende e contradiz a razão, ao invés de simplesmente requerer que a razão seja aplicada a um plano mais elevado, uma vez que é espiritual; falsificando, portanto, a doutrina totalmente razoável, representada por Jesus.)” (Edward Maitland. O “Novo” Evangelho da Interpretação: Um Resumo do Cristianismo Místico da Dra. Anna Kingsford. Capítulo III: A Bíblia Insiste no Sentido Esotérico)
Moisés e Elias Correspondem a Buda e Pitágoras: a Mente e o Corpo. Jesus: o Coração-Espírito. Funções Exercidas por Pitágoras, Buda e Jesus: Obras, Compreensão e Amor, ou Corpo, Mente e Coração
“Do mesmo modo que não fazia parte do projeto dos Evangelhos representar o percurso inteiro do Homem Regenerado, também não fazia parte desse projeto fornecer, no que diz respeito à vida e doutrina religiosa, um sistema integral e completo, independentemente dos que o antecederam.
Por ter uma relação especial com o Coração e o Espírito do Homem, e dessa forma com o núcleo da célula e com o Santo dos Santos do Tabernáculo, o Cristianismo, em sua concepção original, delegou a regeneração da Mente e do Corpo (…), ou o dualismo exterior do Microcosmo, a sistemas já existentes e amplamente conhecidos e praticados.
Esses sistemas eram dois em número, ou melhor, eram como dois modos ou expressões do sistema uno, cujo estabelecimento constituiu a “Mensagem” que antecedeu o Cristianismo pelo período cíclico de seiscentos anos. Esse sistema era a Mensagem na qual os “Anjos” estiveram representados em Gautama Buda e Pitágoras.
No caso desses dois profetas e redentores, praticamente contemporâneos, o sistema era, tanto na sua doutrina quanto na sua prática, essencialmente um e o mesmo. E suas relações com o sistema de Jesus, como seus necessários pioneiros e antecessores, encontram reconhecimento nos Evangelhos na alegoria da Transfiguração.
Os personagens que aparecem nesse evento – Moisés e Elias – são correspondentes hebraicos de Buda e de Pitágoras. E eles são descritos como tendo sido vistos pelos três apóstolos nos quais são representadas, respectivamente, as funções distintamente exercidas por Pitágoras, por Buda e por Jesus; ou seja, Obras, Compreensão e Amor, ou Corpo, Mente e Coração.
E pela sua reunião no Monte está representada a união dos três elementos, e a complementação de todo o sistema abrangido pelos três por Jesus, como o representante do Coração ou daquilo que é Mais Interno, e, em um sentido especial, como o “amado Filho de Deus”.
O Cristianismo, então, foi introduzido no mundo com uma relação especial com as grandes religiões do Oriente, e sob a mesma regência divina. E muito longe de ser concebido como um rival e suplantador do Budismo, ele era a direta e necessária continuação desse sistema. E os dois são apenas partes de um todo contínuo e harmonioso, no qual a parte que veio por último é somente o indispensável acréscimo e complemento da parte que veio anteriormente”. [Anna Kingsford e Edward Maitland. The Perfect Way; or, the Finding of Christ (O Caminho Perfeito; ou, a Descoberta de Cristo), pp. 249-251]
Cristo, a Realização no Homem de Suas Próprias Potencialidades Divinas
“1. (*) Desse modo, o Cristo da Bíblia, o Cristo de Deus, o Cristo da Natureza e o Cristo da Gnose não é nenhum personagem único, anormal, inconcebível, de constituição híbrida e desordenada, tal como é aquele Cristo apresentado pelo Sacerdotalismo.
Sendo o equivalente, no homem, do Logos na Deidade, Ele é a Perfeita Razão de Deus na manifestação. Ele é o cumprimento, e não a subversão, da ordem natural-divina. Ele é a realização, tanto para o indivíduo quanto para o universal, das divinas potencialidades próprias e comuns a todos, em virtude de sua origem e constituição, pela lei imutável da Hereditariedade; o fruto maduro da semente implantada em todo homem, a semente de sua própria regeneração; a demonstração da “jóia preciosa” da divindade “nascida na fronte do sapo”, símbolo alquímico da matéria. E Nele, definido dessa forma, é devolvido ao homem o Salvador, o qual lhe foi privado pelos seus sacerdotes.
Uma vez gerado, o homem é livre para se degenerar, até que chegue seu tempo de ser regenerado. Suas possibilidades de regeneração dependem do uso que fez de seu período de liberdade. A evolução se dá por meio da geração; mas a escada da mesma pode ser descida até que se alcance uma condição na qual a regeneração é impossível, e a extinção, inevitável. O período da Graça subentendido na expressão “setenta vezes sete” expirou para ele.
3. As assim chamadas expressões “denunciatórias” da Bíblia e do Credo, são simplesmente afirmações da necessidade da observância das leis do ser para a salvação. Isso tanto para a vida espiritual como para a vida física. As condições essenciais à vida devem, em ambos os casos, ser respeitadas. E do mesmo modo que o fisiologista, se expressando na linguagem técnica de sua ciência, fala de forma afirmativa quando declara que se não for pelo cumprimento de certas funções pelo sistema físico do homem, ele sem dúvida perecerá; assim também falam de forma afirmativa aqueles que dizem o mesmo a respeito do sistema espiritual do homem. As condições da vida eterna, assim como as da vida passageira, estão fundamentadas na natureza das coisas; e não há nada de arbitrário na afirmação dessas condições por aqueles que as conhecem, mesmo que a linguagem usada seja técnica e não compreendida pelos ignorantes. O dogmatismo consiste tão somente na afirmação positiva daquilo que a própria pessoa que afirma não conhece positivamente.
A chave agora restaurada acusa o Sacerdotalismo, desde seu começo, de representar o cometimento sistemático desses pecados em todas as suas manifestações.
5. “É Anti-Cristo aquele que nega o Pai e o Filho.” [1 João 2:22] O Pai e o Filho são negados quando se nega a Mãe. Pois excluir, da forma que o Sacerdotalismo excluiu, o princípio feminino da divindade – a Substância – é tornar impossível a relação simbolizada pelos termos Pai e Filho, tendo em vista que eles implicam e envolvem Esposa e Mãe.
Que o pecado dessa negação com respeito ao Espírito Santo “jamais será perdoado, nem no mundo de hoje, quer naquele que está por vir” [Marcos 3:29], é porque, sendo um pecado contra o princípio essencial, tanto da Existência Atual como Daquilo que Será, ele carrega sua própria punição consigo. Ao negar que o Universo é gerado por Deus, e constituído pelas próprias Força e Substância de Deus, nega-se que o Universo seja uma manifestação de Deus. Nega-se, portanto, aquela correspondência entre Deus e a criação em virtude da qual “coisas invisíveis de Deus são claramente vistas, sendo compreendidas pelas coisas de que são feitas” [Romanos 1:20].
7. E isso nega a regeneração como o processo da manifestação de Deus através da individuação do homem, e negar isso é negar Cristo como a coroamento da evolução e, portanto, da criação.
8. Postulando como o material da existência algo que – não sendo essencialmente Deus – é irreal e não relacionado a Deus, tal negação constitui a negação de qualquer relação vital entre Deus e o Universo, tal como a de paternidade e filiação, ao ponto da exclusão da idéia do dever de um para com o outro, em ambas as direções. E considerar Deus apenas como Força, e não Substância; Vontade apenas, e não Amor; coloca no lugar de um Deus vivo e de um Universo vivo tão somente causa e efeito mecânicos e inconscientes.
(Edward Maitland. O “Novo” Evangelho da Interpretação: Um Resumo do Cristianismo Místico da Dra. Anna Kingsford, cap XII)
Cristo Jesus Dentro do Homem
“É o ser espiritual do homem – o Cristo Jesus dentro dele – que é o tema do Credo cristão. “O Credo dos Apóstolos é um resumo da história espiritual de todos aqueles que se tornam, pela re-generação, ‘Filhos de Deus’.”” [Edward Maitland. Light, 1893, p. 284; e em The Life of Anna Kingsford (A Vida de Anna Kingsford), Vol. I, p. 315]
Crucificação, Ressurreição e Doutrina Perniciosa da Redenção Vicária
“E é sempre pela crucificação e morte na cruz da renúncia daquele velho Adão, o ser inferior, e a ressurreição e ascensão para uma condição de perfeição verdadeira que a salvação é finalmente alcançada. E a razão pela qual todas essas verdades eternas na história da alma foram centralmente colocadas na vida do profeta de Nazaré é simplesmente porque, reconhecendo nele os sinais ou testemunho de sua realização de perfeição num grau nunca antes alcançado, e em sua história as adequadas correspondências simbólicas, o Espírito Divino, sob cuja inspiração os Evangelhos foram compostos, o selecionou como o ícone das possibilidades da humanidade em geral.
Porém, mesmo rejeitando dessa maneira como sendo idólatra, como uma blasfêmia, e como perniciosa no mais alto grau à doutrina, conforme ela é comumente conhecida, da Redenção, Reconciliação ou Salvação Vicária [N.T.: Aquela realizada por alguém em lugar de outro; no caso o sacrifício de Jesus Cristo para nos redimir do pecado, para nos reconciliar com Deus.], ainda assim vemos em Cristo Jesus o “único Filho gerado por Deus” (“Filho único de Deus”) (João 3:16, 18). E ainda assim nos apegamos a Seu sangue e a sua cruz como os únicos meios da salvação.
Mas é o Cristo Jesus dentro de nós, ou o homem que renasceu de alma e espírito puros, como o próprio Jesus declarou que todos devem nascer – exatamente do mesmo modo como se descreve que Ele nasceu – a quem buscamos para nos salvar. E os meios são Sua cruz de auto-sacrifício, renúncia, e pureza de vida; e a recepção em nós mesmos daquele “Sangue de Deus” que não é nenhum sangue meramente físico – com o qual as imperfeições morais não possuem nenhuma relação – mas que é a vida de Deus, o próprio Espírito puro, o qual é Deus, e o qual Deus está sempre derramando em abundância para o bem de Suas criaturas, dando a elas de sua própria vida e substância.
Quão perniciosa é a doutrina da redenção (ou reconciliação) vicária, conforme ela é comumente aceita, é algo que pode ser visto pelas atuais condições do mundo: intelectualmente, moralmente e espiritualmente, não menos do que fisicamente. O homem sempre se constrói segundo a imagem de seu Deus, isto é, segundo a sua idéia de Deus. E acreditando em um Deus que é injusto, egoísta e cruel, o homem não pode ser senão injusto, egoísta e cruel.
É precisamente essa má representação do caráter divino, e essa perversão da verdadeira e da única possível doutrina da reconciliação ou redenção, em uma doutrina que faz a salvação do homem um processo externo a si mesmo, e dependente da ação de outro que não ele mesmo, que, por meio da falsificação do Cristianismo, provocou o seu fracasso. E, ao invés de um mundo ordenado por princípios de justiça, simpatia e pureza, nos legou um mundo de más ações, de egoísmo e de sensualismo”. [Anna Kingsford e Edward Maitland. Addresses and Essays on Vegetarianism (Palestras e Ensaios sobre o Vegetarianismo), capítulo O Vegetarianismo e a Bíblia, pp. 222-223]
Erguido Véu do Simbolismo Igrejas São Similares, Doutrinas Básicas São Idênticas
“Uma vez erguido o véu do simbolismo da face divina da Verdade, todas as Igrejas são similares, e a doutrina básica de todas é idêntica (…). Grega, Hermética, Budista, Vedantina, Cristã – todas essas Lojas dos Mistérios são essencialmente unas e são idênticas em doutrina. (…)
Nós sustentamos que nenhum credo eclesiástico isolado é compreensível somente por si mesmo, se não for interpretado com o auxílio de seus antecessores e de seus contemporâneos.
Por exemplo, estudantes de teologia cristã somente aprenderão a entender e a apreciar o verdadeiro valor e significado dos símbolos que lhes são familiares por meio do estudo da filosofia Oriental e do idealismo pagão.
Pois o Cristianismo é o herdeiro dessa filosofia e desse idealismo, e o que há de melhor em seu sangue vem das veias dessa filosofia e desse idealismo.
E visto que todos os seus grandes antecessores ocultaram por trás de suas fórmulas e ritos externos – os quais são meras cascas e coberturas para entreter os pobres de entendimento – as verdades internas ou ocultas reservadas ao iniciado, assim também o Cristianismo reserva aos buscadores sérios e aos pensadores mais profundos os Mistérios internos verdadeiros, que são unos e eternos em todos os credos e igrejas desde o princípio do mundo.
Esse significado verdadeiro, interior e transcendental é a Presença Real velada nos Elementos do Divino Sacramento: – a substância mística e a verdade simbolizadas sob o pão e o vinho das antigas orgias de Baco, e agora da nossa própria Igreja Católica.
Para aquele não sábio, que não pensa profundamente, que é supersticioso, os elementos físicos são a finalidade do rito; para o iniciado, o vidente, o filho de Hermes, eles são apenas os sinais externos e visíveis daquilo que é sempre, e necessariamente, interno, espiritual e oculto”. [Edward Maitland. Citado por Samuel H. Hart, em seu Prefácio à Quinta Edição (pp. 12-13), da obra The Perfect Way (O Caminho Perfeito). Citação extraída da obra The Life of Anna Kingsford (A Vida de Anna Kingsford), Vol. II, pp. 123-124]
Ex Oriente Lux. Por Que Igreja Cristã Foi Chamada de Católica? Figura do Cristo Sintetiza Figuras Centrais das Dispensações Anteriores
“A fé cristã é a herdeira direta da velha fé romana. Roma foi a herdeira da Grécia, e a Grécia do Egito, de onde se originaram o legado de Moisés e o ritual hebraico.
O Egito foi apenas o foco de uma luz cuja verdadeira fonte e centro era o Oriente em geral – Ex Oriente Lux. Pois o Oriente, em todos os sentidos, geograficamente, astronomicamente e espiritualmente, é sempre a fonte de luz.
Mas, embora originalmente derivada do Oriente, a Igreja de nossos dias e de nosso país é modelada diretamente a partir da mitologia greco-romana, e de lá retira todos os seus ritos, doutrinas, cerimônias, sacramentos e festivais.
Portanto, a exposição que será feita sobre o Cristianismo Esotérico tratará mais especificamente dos mistérios do Ocidente, uma vez que suas idéias e sua terminologia são para nós mais atrativas e próximas do que as concepções não artísticas, a metafísica não familiar, o espiritualismo melancólico e a linguagem pouco sugestiva do Oriente.
Extraindo sua essência-vital diretamente da fé pagã do velho mundo Ocidental, o Cristianismo mais proximamente se parece com seus pai e mãe imediatos, do que com seus ancestrais remotos, e será, então, melhor exposto com referência a suas fontes da Grécia e de Roma, do que com referência a seus paralelos bramânicos e védicos.
A Igreja cristã é católica, ou então ela não é nada que mereça, em absoluto, o nome de Igreja. Pois católico significa universal, todo-abarcante: – a fé que sempre e em todos os lugares foi recebida. A prevalecente visão limitada desse termo é errada e prejudicial.
A Igreja cristã foi inicialmente chamada de católica porque ela abarcava, compreendia e tornou seu o passado religioso de todo o mundo. Reunindo em sua figura central – do Cristo – e em torno dessa figura todas as características, lendas e símbolos até então pertencentes às figuras centrais das dispensações anteriores, proclamando a unidade de toda aspiração humana, e formulando em um grande sistema ecumênico as doutrinas do Oriente e do Ocidente.
Assim, a Igreja católica é védica, budista, zend-avesta e semítica. Ela é egípcia, hermética, pitagórica e platônica. Ela é escandinava, mexicana e druídica. Ela é grega e romana. Ela é científica, filosófica e espiritual.
Encontramos em seus ensinamentos o panteísmo do Oriente, e o individualismo do Ocidente. Ela fala a língua e pensa os pensamentos de todos os filhos dos homens; e em seu templo todos os deuses estão em um lugar sagrado.
Eu sou vedantina, budista, helenista, hermética e cristã, porque eu sou católica. Pois nessa única palavra todo o Passado, Presente e Futuro estão abarcados.
Como Santo Agostinho e outros dos Padres (Pais) da Igreja verdadeiramente declararam, o Cristianismo não contém nada de novo a não ser o seu nome, estando próximo dos antigos desde o seu início. E as várias seitas, que retém apenas uma porção da doutrina católica, são apenas como cópias incompletas de um livro, do qual capítulos inteiros foram retirados, ou como representações de uma peça teatral na qual apenas alguns de seus personagens e de suas cenas foram mantidos”. [Anna Kigsford e Edward Maitland. The Credo of Christendom (O Credo do Cristianismo), pp. 94-96]
Figueira e Hermes
“A figueira, que tanto para os hebreus quanto para os gregos era o símbolo da percepção intuicional, era um símbolo especial de Hermes, chamado de Rafael pelos hebreus.” [Anna Kingsford. Dreams and Dream-Stories (Sonhos e Estórias de Sonhos). Nota de Rodapé (38:1)]
Filho de Deus
“Andrômeda, a Alma, a melhor parte do Homem, está a ponto de ser inteiramente devorada pelo dragão maligno da Negação, que é o agente da natureza inferior, e o destruidor de todas as esperanças da humanidade. Seu nome – idêntico aos termos com os quais é descrita a primeira Mulher da história dos hebreus – a aponta como a companheira e regente do homem; sua paternidade indica a origem da Alma, que nasce do Fogo astral ou Éter, simbolizado pela terra da Etiópia; os grilhões de bronze com que ela é presa à rocha são o símbolo da atual escravidão do Divino no homem a sua parte material; e a sua redenção, casamento, e exaltação pelo herói Perseu, prenunciam o coroamento e a realização final do Filho de Deus, o qual não é outra coisa senão o Ser Humano Espiritual fortalecido e sustentado pela Sabedoria e pelo Pensamento.” [Anna Kingsford e Edward Maitland. Preface, The Perfect Way (O Caminho Perfeito), p. 14]
Idólatras e Idolatria
“Idolatria consiste na materialização dos Mistérios espirituais:
“São idólatras aqueles que entendem como sendo coisas dos Sentidos onde o significado diz respeito tão somente a coisas do Espírito, e que escondem as verdadeiras Características dos Deuses com apresentações materiais e falsas. Idolatria é Materialismo, o Pecado geral e original dos Homens, o qual substitui o Espírito pela Aparência, a Substância pela Ilusão, e leva ao erro tanto o Ser intelectual quanto o moral, de modo que eles substituem o Superior pelo Inferior, e o Elevado pelo Baixo.” (Anna Kingsford. Vestida Com o Sol, Pt. l, N°. V. Veja a Iluminação Sobre a Interpretação das Escrituras Místicas, S.H.H.)
A Interpretação de Suas Bíblias
“Aquilo que vocês precisam na Terra é a interpretação de suas Bíblias, e de todas as Escrituras que contém a sabedoria oculta, o mistério de que São Paulo tão freqüentemente mencionava como existindo desde os primórdios do mundo.” [P. ex: Romanos 16:25] (Edward Maitland, editor. Uma Mensagem à Terra, p. 69)
A “Mulher” Não É Uma Mulher, Mas Sim a Alma e a Intuição
“É a hostilidade inveterada entre os poderes ocultos do mal e a “Mulher” das Escrituras que está representada na passagem do Apocalipse na qual aparece o dragão, “quando soube que já não tinha muito tempo”, ao “despejar água de sua boca como uma enchente para levá-la embora”.
A iminência da restauração da intuição reconhecida pelo dragão – que não é outra senão sua velha sedutora no Éden – se deve ao início do reinado de Miguel, “o grande príncipe que defendeu os filhos do povo de Deus”. Isso porque, como o representante do princípio da equidade ou equilíbrio em relação aos fatores masculino e feminino na natureza humana, Miguel representa a restauração da Intuição a seu devido trono. Intuição que é por meio da qual se dá o discernimento do espírito e, assim, da verdadeira natureza do dragão como sendo a antítese do Espírito.
A negação da Intuição é uma característica marcante do Sacerdotalismo, seja ele religioso ou científico. E a Intuição nunca esteve tão flagrantemente ausente de ambos os tipos do Sacerdotalismo quanto nos dias de hoje.
Mas a pergunta que deve ser respondida em primeiro lugar é quem, ou o que, é a intuição precisamente. E como não há ninguém tão competente para responder a isso quanto ela própria, é nas palavras em que ela revelou a si mesma novamente – expressamente para os propósitos da Nova Interpretação – que a resposta será dada.
Como veremos, desde o início a Intuição restaura a doutrina – Universal nas Igrejas pré-cristãs, mas suprimida pelo Sacerdotalismo ao assumir a denominação de cristão – que é a única que a torna, ou a Bíblia, ou mesmo a própria existência, inteligíveis. Essa é a doutrina da multiplicidade das vidas terrenas:
Essa Luz é o Espírito de Deus dentro do homem, mostrando-lhe as coisas de Deus”. (1)
Também são Idólatras aqueles que compreendem as coisas dos sentidos, onde tão somente as coisas do espírito estão referidas, e que escondem as verdadeiras Feições dos Deuses por meio de representações materiais e falsas. Idolatria é materialismo, o compartilhado e original Pecado dos Homens, que substitui o Espírito pela Aparência, a substância pela ilusão e conduz o tanto o ser moral como o intelectual, ao erro, de forma que substituem o inferior pelo superior e o que está no Fundo pelo que está no Alto. É o falso Fruto que atrai os sentidos externos, a Tentação da Serpente do Começo do Mundo. Até que o Homem e a Mulher Místicos tenham comido desse Fruto, conheciam apenas as Coisas do Espírito, e as achavam suficientes. Mas após sua Queda, começaram a apreender também a Matéria e a ela deram a Preferência, tornando-se Idólatras. E seu Pecado, e a Mácula gerada por aquele falso Fruto, corromperam o Sangue de toda a Raça dos Homens, de cuja Corrupção os Filhos de Deus os teriam redimido.” (2)
A Igreja tem toda a verdade; mas os sacerdotes a materializaram.
Em seu sentido real as doutrinas são verdades divinas, fundamentadas na natureza do Ser. Mas apresentadas segundo o sacerdotalismo elas são absurdos blasfemos. Elas são verdadeiras de acordo com o significado dado por Deus; não conforme o significado dado pelos padres.
A Bíblia foi escrita por pessoas de intuição, para pessoas de intuição, e do ponto de vista das pessoas de intuição. Ela tem sido interpretada por pessoas superficiais, para pessoas superficiais, e do ponto de vista das pessoas superficiais. Mesmo sendo o mais oculto e místico dos livros, ela tem sido exposta por pessoas sem conhecimento oculto ou percepção mística.”
Ordem Divina da Cavalaria É a Ordem do Cristo, Cavalo É o Símbolo da Inteligência
“A divina Ordem da Cavalaria é a inimiga do isolamento ascético e do indiferentismo. É a Ordem do Cristo que anda pelo mundo fazendo o bem. O cavaleiro cristão, montado em um valente corcel (pois o cavalo é o símbolo da inteligência), e equipado com a armadura de Miguel, é o modelo da vida espiritual – a vida de ativa e heroica caridade.” [Anna Kingsford. Dreams and Dream-Stories (Sonhos e Estórias de Sonhos), p. 278]
Redenção do Espírito da Matéria, Tema das Sagradas Escrituras, Queda de Adão, Israel, Cativeiro no Egito, Êxodo pelo Deserto, Travessia do Jordão e Terra Prometida
“É esse processo de transmutação, ou redenção do Espírito da Matéria, tanto na dimensão individual quanto na universal, que constitui o tema das sagradas escrituras, o objeto de todas as religiões verdadeiras, e a tarefa de todas as verdadeiras igrejas. E são os vários estágios desse processo que constituem respectivamente a Queda de Adão por meio da submissão da Eva dentro dele à serpente da Matéria; a descida de Israel, ou da Alma, até o Egito, ou o mundo e os sentidos; e o Êxodo ou fuga do mundo através da água da separação e consagração até o deserto, até a região erma da experiência beneficente; e a travessia do rio Jordão, ou rio da purificação, para tomar posse da terra prometida da perfeição”. [Anna Kingsford e Edward Maitland. Addresses and Essays on Vegetarianism (Palestras e Ensaios sobre o Vegetarianismo), capítulo O Vegetarianismo e a Bíblia, p. 221]
Regeneração, Fuga do Egito, Deserto, Provação, Quarenta Dias-Anos, Redenção, Rio Jordão e Terra Prometida
“A Regeneração nos mistérios hebreus é simbolizada pela fuga do Egito – o corpo, e, portanto, terra de aprisionamento para a alma – através do Mar Vermelho para o Deserto do Pecado, o cenário da provação no qual os quarenta dias místicos estão expressos em um período semelhante de anos.
A Redenção é representada pela travessia do Jordão, que separa esse deserto da provação da terra prometida da perfeição e repouso espiritual. Esse Jordão, ou rio do julgamento, não poderia ser atravessado por Moisés, pois ele tinha falhado na provação de sua iniciação.
A libertação final de Israel estava reservada a Joshua, um nome idêntico a Jesus, que se manteve fiel em todos os momentos. O Jordão corresponde ao rio Aqueronte dos mistérios do Olimpo, o qual todas as almas, ao descer ao mundo inferior, eram obrigadas a atravessar. E o Limbo, o Paraíso, o Avernus, os Campos Elísios, o Tártaro, o Purgatório e o repouso, todos denotam, sob diversos nomes, não localidades, porém esferas ou condições de existência, igualmente reconhecidos nos sistemas hebreu, pagão e cristão, e existindo no próprio homem”. [Anna Kingsford e Edward Maitland. The Credo of Christendom (O Credo do Cristianismo), p. 102]
Sentido Místico e Não o Sentido Literal
“Esta a primeira sugestão (…) que nos foi dada a respeito da verdade que posteriormente foi revelada plenamente – a presença nas Escrituras de um sentido místico escondido dentro do sentido aparente, como uma noz em sua casca, o qual é o sentido pretendido, e não o sentido literal.” [Edward Maitland. The Story of Anna Kingsford and Edward Maitland and of the New of Interpretation (A História de Anna Kingsford e Edward Maitland e do Novo Evangelho da Interpretação), p. 53]
Tema do Credo Cristão: o Cristo Jesus Dentro do Homem
“É o ser espiritual do homem – o Cristo Jesus dentro dele – que é o tema do Credo cristão. O Credo dos Apóstolos é um resumo da história espiritual de todos aqueles que se tornam, pela re-generação, ‘Filhos de Deus’.” [Edward Maitland. The Life of Anna Kingsford (A Vida de Anna Kingsford), Vol. I, p. 315]
Adão e Eva
“Eva – a Consciência moral da Humanidade – sujeita a Adão – a Força Intelectual – “de onde advém em abundância todo tipo de mal e confusão, uma vez que seu desejo é direcionado a ele, e ele rege sobre ela até agora. Mas o final predito pelo Vidente não está distante.”” (Anna Kingsford. Vestida Com o Sol, Pt. l, N°. V. Veja a Iluminação Sobre a Interpretação das Escrituras Místicas, S.H.H.)
“Adão”, “Eva”, “Cristo”, “Maria” e o Restante – Simbolizam os Vários Elementos Espirituais Que Constituem o Indivíduo e Seus Estados
“O tópico de sua segunda palestra (…) foi a segunda cláusula do Credo: “E em Cristo Jesus, Seu único Filho, nosso Senhor; que é concebido pelo Espírito Santo, nascido da Virgem Maria”.
Com relação a essa cláusula, ela disse que ao insistir na significação esotérica como sendo a única verdadeira e de valor, estamos simplesmente revertendo ao costume antigo e original.
É a aceitação do Credo em seu sentido exotérico [ou externo] e histórico que é realmente moderna. Pois todos os Mistérios Sagrados eram originalmente vistos como espirituais, e apenas quando eles passaram das mãos de iniciados devidamente instruídos para aquelas do ignorante e do vulgar é que eles se tornaram materializados e degradados ao nível em que atualmente se encontram.
A verdade esotérica desse artigo do Credo pode ser entendida somente por meio de um conhecimento anterior, primeiro, da constituição do homem e, em seguida, do significado dos termos empregados na formulação da doutrina religiosa.
Essa doutrina denota um conhecimento perfeito da natureza humana, e os termos pelos quais ela é expressa – “Adão”, “Eva”, “Cristo”, “Maria” e o restante – simbolizam os vários elementos espirituais que constituem o indivíduo, os estados pelos quais ele passa, e a meta que ele finalmente alcança no percurso de sua evolução espiritual.
Pois, como São Paulo diz: “essas coisas são uma alegoria” (Gálatas 4:24); e para compreendê-las é necessário conhecer os fatos aos quais elas se referem. Conhecendo esses fatos, não temos nenhuma dificuldade de reconhecer a origem de tal representação e de aplicá-la a nós mesmos.
Assim, “Adão” é o homem meramente externo e mundano, ainda que desenvolvendo no devido tempo a consciência de “Eva” ou a Alma – pois a alma é sempre a “Mulher” – tornando-se um ser dual constituído de matéria e espírito.
Como “Eva”, a Alma cai sob o domínio desse “Adão”, e tornando-se impura através da sujeição à matéria, dá nascimento a Caim, que, representando a natureza inferior, é descrito como cultivando os frutos do chão.
Mas, como “Maria”, a Alma readquire sua pureza e é descrita como sendo virgem, no que diz respeito à matéria e, se polarizando para Deus, torna-se mãe de Cristo ou o Homem Regenerado, o qual tão somente é o Filho Único de Deus e Salvador do homem no qual ele é gerado. Razão pela qual Cristo é tanto o processo como o resultado do processo. Assim sendo, ele não é “o Senhor”, mas “nosso Senhor”. O Senhor é Adonai, a Palavra, subsistindo eternamente no céu; e Cristo é sua contraparte no homem.” [Edward Maitland. The Life of Anna Kingsford (A Vida de Anna Kingsford), Vol. II, pp. 197-198]
Alma Pura e Espírito Divino, Água (Virgem Maria) e Espírito Santo
“Assim a alma é ao mesmo tempo Filha, Esposa e Mãe de Deus. Ela é quem esmaga a cabeça da Serpente. E da alma triunfante surge o Homem Regenerado, o qual, como o produto de uma alma pura e do espírito divino, é referido como sendo nascido da água (Maria) e do Espírito Santo.
As afirmações de Jesus para Nicodemos são explícitas e conclusivas quanto à natureza puramente espiritual tanto da entidade designada como “Filho do Homem”, quanto do processo da sua geração. Esteja encarnado ou não, o “Filho do Homem” está necessariamente sempre “no Céu” – seu próprio “reino interior”. Do mesmo modo os termos que descrevem sua paternidade são destituídos de qualquer referência física. “Virgem Maria” e “Espírito Santo” são sinônimos, respectivamente, de “Água” e do “Espírito”; e esses, novamente, denotam os dois constituintes de todo ser regenerado, que são sua alma purificada e o espírito divino. De modo que o dito de Jesus – “Vós deveis nascer novamente da Água e do Espírito”, foi uma declaração, primeiro, de que é necessário para cada um nascer da maneira na qual se diz que ele mesmo nasceu; e, segundo, que a narrativa do Evangelho acerca do seu nascimento se trata, realmente, de uma apresentação, dramática e simbólica, da natureza da regeneração.” [Anna Kingsford e Edward Maitland. The Perfect Way; or, the Finding of Christ (O Caminho Perfeito; ou, a Descoberta de Cristo), p. 143]
Princípio da Fraternidade Universal É Muito Pouco Compreendido: É a Base Comum da Doutrina e da Prática do Budismo e do Cristianismo
“Quão pouco este princípio de Fraternidade Universal é compreendido pelas massas da espécie humana, e quão raramente sua importância transcendente é reconhecida, pode ser constatado pela diversidade de opiniões e interpretações fictícias referentes à Sociedade Teosófica. Esta Sociedade foi organizada com base neste único princípio, a Fraternidade Essencial da Humanidade, como aqui foi brevemente esboçado e imperfeitamente apresentado. Ela tem sido atacada como budista e anti-cristã, como se pudesse ser estas duas coisas ao mesmo tempo, já que tanto o budismo quanto o cristianismo, como apresentados por seus inspirados fundadores, fazem da fraternidade a essência da doutrina e da vida.” (Helena Blavatsky, citando J.D. Buck. A Chave para a Teosofia, p. 29)
Afirmou Toynbee: Daqui a Mil Anos Chamará Atenção Aproximação do Cristianismo com o Budismo
“Faz alguns anos, Arnold Toynbee afirmou que quando o historiador de daqui a mil anos for escrever a história de nossa época, ele terá a sua atenção voltada não para a guerra do Vietnã, a disputa entre capitalismo e comunismo ou os distúrbios raciais, mas sim para o que terá sucedido quanto pela primeira vez o Cristianismo e o Budismo iniciaram um intercâmbio profundo. Essa observação é das mais interessantes, sendo a meu ver profundamente verdadeira.” (William Johnston. Cristianismo Zen, p. 5)
Aprender com o Budismo: Minha Preocupação no Momento
“No que me diz respeito, minha principal preocupação no momento é a de aprender com o Budismo. Não posso deixar de sentir que o Cristianismo ocidental, como de resto o próprio Ocidente, necessita urgentemente de uma transfusão de sangue. Feliz ou infelizmente, chegamos ao esgotamento (…) e necessitamos de novas perspectivas. Assim como uma era inteiramente nova descortinou-se para o Cristianismo quando Santo Tomás promoveu a divulgação de Aristóteles no século XIII, assim também uma nova era, ainda mais grandiosa, poderia tornar-se possìvel através da assimilação de certas concepções e atitudes budistas.” (William Johnston, S.J. Cristianismo Zen, p. 17. O autor dessa obra, jesuíta irlandês radicado no Japão, dirigiu o Instituto de Religiões Orientais da Universidade Sofia, em Tóquio. Para ele, conforme expõe nessa obra, a cooperação entre Oriente e Ocidente, através do Budismo, do Zen e do Cristianismo, é vital para os tempos que correm. Nesse aspecto o autor se une à mensagem da Dra. Anna Kingsford e Edward Maitland, ou seja, ao “Novo” Evangelho da Interpretação.)
Buda e Pitágoras, Moisés e Elias, Mente e Corpo, Jesus–Coração, Obras, Compreensão e Amor, Corpo, Mente e Coração
“Do mesmo modo que não fazia parte do projeto dos Evangelhos representar o percurso inteiro do Homem Regenerado, também não fazia parte desse projeto fornecer, no que diz respeito à vida e doutrina religiosa, um sistema integral e completo, independentemente dos que o antecederam.
Por ter uma relação especial com o Coração e o Espírito do Homem, e dessa forma com o núcleo da célula e com o Santo dos Santos do Tabernáculo, o Cristianismo, em sua concepção original, delegou a regeneração da Mente e do Corpo (…), ou o dualismo exterior do Microcosmo, a sistemas já existentes e amplamente conhecidos e praticados.
Esses sistemas eram dois em número, ou melhor, eram como dois modos ou expressões do sistema uno, cujo estabelecimento constituiu a “Mensagem” que antecedeu o Cristianismo pelo período cíclico de seiscentos anos. Esse sistema era a Mensagem na qual os “Anjos” estiveram representados em Gautama Buda e Pitágoras.
No caso desses dois profetas e redentores, praticamente contemporâneos, o sistema era, tanto na sua doutrina quanto na sua prática, essencialmente um e o mesmo. E suas relações com o sistema de Jesus, como seus necessários pioneiros e antecessores, encontram reconhecimento nos Evangelhos na alegoria da Transfiguração.
Os personagens que aparecem nesse evento – Moisés e Elias – são correspondentes hebraicos de Buda e de Pitágoras. E eles são descritos como tendo sido vistos pelos três apóstolos nos quais são representadas, respectivamente, as funções distintamente exercidas por Pitágoras, por Buda e por Jesus; ou seja, Obras, Compreensão e Amor, ou Corpo, Mente e Coração.
E pela sua reunião no Monte está representada a união dos três elementos, e a complementação de todo o sistema abrangido pelos três por Jesus, como o representante do Coração ou daquilo que é Mais Interno, e, em um sentido especial, como o “amado Filho de Deus”.
O Cristianismo, então, foi introduzido no mundo com uma relação especial com as grandes religiões do Oriente, e sob a mesma regência divina. E muito longe de ser concebido como um rival e suplantador do Budismo, ele era a direta e necessária continuação desse sistema. E os dois são apenas partes de um todo contínuo e harmonioso, no qual a parte que veio por último é somente o indispensável acréscimo e complemento da parte que veio anteriormente”. [Anna Kingsford e Edward Maitland. The Perfect Way; or, the Finding of Christ (O Caminho Perfeito; ou, a Descoberta de Cristo), pp. 249-251]
Buda (Incluindo Pitágoras) e Cristo São Necessários Um ao Outro: Formam Sistema Integral
“(…) não fazia parte desse projeto [do Cristianismo original] fornecer, no que diz respeito à vida e doutrina religiosa, um sistema integral e completo, independentemente dos que o antecederam.
(…) o Cristianismo, em sua concepção original, delegou a regeneração da Mente e do Corpo (…), ou o dualismo exterior do Microcosmo, a sistemas já existentes e amplamente conhecidos e praticados.
Esses sistemas eram dois em número, ou melhor, eram como dois modos ou expressões do sistema uno, cujo estabelecimento constituiu a “Mensagem” que antecedeu o Cristianismo pelo período cíclico de seiscentos anos. Esse sistema era a Mensagem na qual os “Anjos” estiveram representados em Gautama Buda e Pitágoras.
(…) suas relações com o sistema de Jesus, como seus necessários pioneiros e antecessores, encontram reconhecimento nos Evangelhos na alegoria da Transfiguração.
Os personagens que aparecem nesse evento – Moisés e Elias – são correspondentes hebraicos de Buda e de Pitágoras. Eles são descritos como vistos pelos três apóstolos nos quais são representadas, respectivamente, as funções distintamente exercidas por Pitágoras, por Buda e por Jesus; ou seja, Obras, Compreensão e Amor, ou Corpo, Mente e Coração. (…)
O Cristianismo, então, foi introduzido no mundo com uma relação especial com as grandes religiões do Oriente, e sob a mesma regência divina. E muito longe de ser concebido como um rival e suplantador do Budismo, ele era a direta e necessária continuação desse sistema. E os dois são apenas partes de um todo contínuo e harmonioso, no qual a parte que veio por último é somente o indispensável acréscimo e complemento da parte que veio anteriormente.
Buda e Jesus são, portanto, necessários um ao outro. E no sistema integral assim completa do Buda é a Mente e Jesus é o Coração; Buda é o geral, Jesus é o particular, Buda é o irmão do universo, Jesus é o irmão dos homens; Buda é a Filosofia, Jesus é a Religião; Buda é a Circunferência, Jesus é o Interno; Buda é o Sistema, Jesus é o ponto de Radiação; Buda é a Manifestação, Jesus é o Espírito; em síntese, Buda é o “Homem”, Jesus é a “Mulher”.
Se não fosse por Buda, não poderia ter havido Jesus, nem teria ele sido suficiente para atender ao homem integral; pois o homem deve ter a Mente iluminada antes de que as Afeições possam ser despertadas. Nem teria sido o Buda completo sem Jesus. Buda completou a regeneração da Mente; e por meio de sua doutrina e prática os homens são preparados para a graça que vem por meio de Jesus. Motivo pelo qual nenhum homem pode ser propriamente cristão, se não for também e primeiramente budista.
Assim, as duas religiões constituem, respectivamente, o aspecto exterior e o aspecto interior do mesmo Evangelho, os alicerces estando no Budismo – incluindo nesse termo o Pitagorianismo – e a iluminação estando no Cristianismo. E da mesma forma que sem o Cristianismo o Budismo está incompleto, assim também o Cristianismo sem o Budismo é ininteligível.
(…) da união espiritual na fé una do Buda e do Cristo nascerá a redenção vindoura do mundo.
(…) Aqueles que buscam casar Buda a Jesus são do celestial e superior; e aqueles que se interpõem ou se objetam ao casamento são do astral e do inferior”. [Anna Kingsford e Edward Maitland. The Perfect Way; or, the Finding of Christ (O Caminho Perfeito; ou, a Descoberta de Cristo), p. 249-256]
Budismo e Cristianismo Partes de um Mesmo Evangelho
“Em resumo, não são dois Evangelhos, mas dois aspectos, o externo e o interno, de um mesmo Evangelho. Pois o Budismo encontra sua tradução e complementação no Cristianismo, e o Cristianismo encontra sua concepção e seu alicerce no Budismo”. (Bertram McCrie. A Verdade Viva no Cristianismo, pp. 26-27)
Budismo e Cristianismo Partes de um Todo Contínuo e Harmonioso
“O Cristianismo foi introduzido no mundo com uma relação especial com as grandes religiões do Oriente, e sob a mesma regência divina. E muito longe de ser concebido como um rival e suplantador do Budismo, ele era a direta e necessária continuação desse sistema. E os dois são apenas partes de um todo contínuo e harmonioso, no qual a parte que veio por último é somente o indispensável acréscimo e complemento da parte que veio anteriormente. (…)
Se não fosse por Buda, não poderia ter havido Jesus, nem teria ele sido suficiente para atender ao homem integral; pois o homem deve ter a Mente iluminada antes que as Afeições possam ser despertadas. Nem teria sido o Buda completo sem Jesus. Buda completou a regeneração da Mente; e por meio de sua doutrina e prática os homens são preparados para a graça que vem por meio de Jesus. Motivo pelo qual nenhum homem pode ser propriamente cristão, se não for também e primeiramente budista.
Assim, as duas religiões constituem, respectivamente, o aspecto exterior e o aspecto interior do mesmo Evangelho, os alicerces estando no Budismo – incluindo nesse termo o Pitagorianismo – e a iluminação estando no Cristianismo. E da mesma forma que sem o Cristianismo o Budismo está incompleto, assim também o Cristianismo sem o Budismo é ininteligível”. [Anna Kingsford e Edward Maitland. The Perfect Way; or, the Finding of Christ (O Caminho Perfeito; ou, a Descoberta de Cristo), pp. 250-251]
Doutrina de Buda: Regeneração Completa da Mente e Indispensável Precursora da Doutrina de Cristo
“Pois o fato é que a doutrina de Buda, com suas Quatro Nobres Verdades, e seu Nobre Óctuplo Caminho, sua ilimitada compaixão em relação a toda a vida senciente, seu lógico ensinamento ético de desenvolvimento através da conquista de si mesmo e da autocultura, sua simples e não obstante profunda análise do sofrimento e da tristeza com o método da libertação desses (…), sua regeneração completa da mente, seus elevados códigos de moralidade e padrão de tolerância, paz e caridade – essa doutrina é a indispensável precursora e intérprete da doutrina de Cristo”. (Bertram McCrie. A Verdade Viva no Cristianismo, p. 26)
Da Fé Una do Buda e do Cristo Nascerá a Redenção do Mundo
“Da união espiritual na fé una do Buda e do Cristo nascerá a esperada redenção do mundo”. [Anna Kingsford e Edward Maitland. The Perfect Way; or, the Finding of Christ (O Caminho Perfeito; ou, a Descoberta de Cristo), p. 252]
Karma e Continuidade de Existências São Partes Integrantes do Budismo e do Cristianismo: Explicam Desigualdades e Desarmonias da Vida e a Justiça Divina
“É tão somente a doutrina do Karma e da continuidade das existências que explica as desigualdades e desarmonias da vida e que justifica a Justiça Divina. E, vista desse ponto de vista, a vida tem uma amplitude muito maior do que aquela que é compatível com a idéia de uma única existência, e que torna a alma independente da disciplina da experiência terrena, uma vez que tal experiência é completamente negada para um vasto número daqueles que morrem na infância. O fato de que as escrituras cristãs não reconheçam explicitamente essa doutrina não representa nenhum argumento contra o fato de que ela seja uma doutrina cristã. Essa doutrina já estava no mundo no Budismo; e o Cristianismo, como o complemento e o coroamento do Budismo, não tinha nenhuma necessidade de reiterá-la”. [Anna Kingsford e Edward Maitland. The Credo of Christendom (O Credo do Cristianismo), pp. 143-144]
Louvor aos Budas-Cristos
Sacerdotalismo Intolerante com Demais Sistemas, Atitude Suicida entre Cristianismo e Budismo
“Agora, uma das mais deploráveis características do Sacerdotalismo é sua habitual intolerância a todas as outras formas de fé e sistemas religiosos, a despeito de sua antiguidade, autenticidade, semelhanças fundamentais e credibilidade.
O Sacerdotalismo não os vê como amigos, mas como rivais e inimigos; que não devem ser entendidos, apreciados e – ao menos em parte – assimilados, mas que devem ser ignorados, depreciados e contestados.
Essa atitude é justificada pelo Sacerdotalismo como sendo zelo por seus próprios princípios particulares, mas isso, na verdade, não é nada mais que intolerância nascida da ignorância.
Exatamente essa atitude em relação àquele sistema religioso em particular denominado de Budismo, que precedeu o advento do Cristianismo por cerca de cinco ou seis séculos, tem sido algo próximo de uma atitude suicida ao real sucesso do Cristianismo, tendo se provado desastrosa para sua capacidade de influenciar a todos, exceto aos ignorantes e elementares, aos preconceituosos e às classes conservadoras ainda dominadas pelo Sacerdotalismo.
Pois o fato é que a doutrina de Buda, com suas Quatro Nobres Verdades e seu Nobre Óctuplo Caminho, sua ilimitada compaixão em relação a toda a vida senciente, seu lógico ensinamento ético de desenvolvimento através da conquista de si mesmo e da autocultura, sua simples e não obstante profunda análise do sofrimento e da tristeza, com o método da libertação desses estando disponível a todos, sua regeneração completa da mente, seus elevados código de moralidade e padrão de tolerância, paz e caridade – essa doutrina é a indispensável precursora e intérprete da doutrina de Cristo. Em resumo, não são dois Evangelhos, mas dois aspectos, o externo e o interno, de um mesmo Evangelho. Pois o Budismo encontra sua tradução e complementação no Cristianismo, e o Cristianismo encontra sua concepção e seu alicerce no Budismo.
Visto dessa forma, o Cristianismo, como religião, assume a obra de aperfeiçoar o homem em seu coração, a partir daquele grau de regeneração parcial a que o Budismo, como filosofia, já o conduziu em sua mente; e assim o Cristianismo descreve e trata apenas dos estágios finais de todo o grande trabalho.
Se isso fosse reconhecido, as sérias deficiências referentes às bases, e aquelas falhas racionais, intelectuais e morais que confrontam os estudantes ponderados e imparciais do sistema cristão, seriam amplamente reconhecidas, e um passo adiante seria dado em direção à reabilitação, enquanto um todo vivo, da tão mutilada fé.
Quão pouco conhecem o Cristianismo aqueles que conhecem somente um Jesus histórico, e deixam de levar em conta o caminho de Buda, como uma escada que deve ser subida para que se alcance o estado de Jesus!” (Bertram McCrie. A Verdade Viva no Cristianismo, pp. 26-27)